Encostaram-me cigarros à pele e viram-me arder. Esconderam os buracos com terra e das cinzas nasceram flores. Estou cheia delas. Não preciso mais de comida
Como quando apanhas folhas e flores caídas no chão. É engraçado, as coisas mais bonitas do Outono estão mortas. A morte fê-las mais bonitas. As minhas flores nasceram das cinzas e estão mortas, eu não. Mas eu estou sozinha no escuro, e elas têm-me a mim. Elas, que estão mortas. Vivo para elas, que nunca poderão fazer nada por mim. Sou egoísta por desejar que o façam. Vivo de morte
se não estivesses no escuro do casulo, qual seria então a diferença? o que farias tu que agora não faças? e o que não farias que fazes agora? (quero compreender.)
Desculpa por não conseguir fazer-me compreender. Desculpa. Gosto de ti. És inverno sem a parte do frio. Quando era uma rapariga a sério e não vivia no meu casulo lembro-me que à noite tudo ficava escuro e confuso e as coisas pareciam piores do que eram realmente, mas percebia isso quando o sol nascia. Mas aqui não amanhece. É sempre gelado. Agarro os joelhos e fico quieta. Como quando éramos sementes à espera de nascer sem o sabermos
Não peças desculpa. Eu gosto de querer compreender(-te). E gosto de ti também, Bárbara. Gostei de passar o dia assim indo falando contigo, indo vendo o que tu quiseste dar a ver. Podemos ir voltando a fazer isto.
O desenho é teu?
ReplyDeleteSim. Sou eu num casulo.
Deletetens uma flor no estômago. e as outras coisas lá, são somente comida?
DeleteEncostaram-me cigarros à pele e viram-me arder. Esconderam os buracos com terra e das cinzas nasceram flores. Estou cheia delas. Não preciso mais de comida
Deletemas estás num casulo. estás a transformar-te em quê? (estou a tratar-te por tu; preferes de outra maneira?)
DeleteDizem que me chamo Bárbara, mas Tu parece-me bem. Vou ser sempre a mesma porque o meu casulo não vai abrir. Estou à espera para morrer
Deletemas queres morrer?
ReplyDeleteJá vivo de morte. Assim sendo, nunca poderei matar-me de vida
DeleteComo é que vives de morte se te nasceram mil flores na barriga? Como é que se vive de morte, Bárbara? como é que fazes?
DeleteComo quando apanhas folhas e flores caídas no chão. É engraçado, as coisas mais bonitas do Outono estão mortas. A morte fê-las mais bonitas. As minhas flores nasceram das cinzas e estão mortas, eu não. Mas eu estou sozinha no escuro, e elas têm-me a mim. Elas, que estão mortas. Vivo para elas, que nunca poderão fazer nada por mim. Sou egoísta por desejar que o façam. Vivo de morte
Deletese não estivesses no escuro do casulo, qual seria então a diferença? o que farias tu que agora não faças? e o que não farias que fazes agora? (quero compreender.)
DeleteDesculpa por não conseguir fazer-me compreender. Desculpa. Gosto de ti. És inverno sem a parte do frio. Quando era uma rapariga a sério e não vivia no meu casulo lembro-me que à noite tudo ficava escuro e confuso e as coisas pareciam piores do que eram realmente, mas percebia isso quando o sol nascia. Mas aqui não amanhece. É sempre gelado. Agarro os joelhos e fico quieta. Como quando éramos sementes à espera de nascer sem o sabermos
DeleteNão peças desculpa. Eu gosto de querer compreender(-te). E gosto de ti também, Bárbara. Gostei de passar o dia assim indo falando contigo, indo vendo o que tu quiseste dar a ver. Podemos ir voltando a fazer isto.
DeleteSim. Conta-me histórias e mostra-me poemas. Ou destrói-me, se quiseres.
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