Self Portrait

Self Portrait

Saturday 30 November 2013

She isn't

Winter days and she's naked,
eating ice cream in front of the fireplace
with only one glove on her right hand,
the one that is always cold.
Her eyes are burning
and her soul's the ashes in her stomach. No longer exists.


Friday 29 November 2013

Turbilhão de emoções cá dentro que me fizeram explodir. Ao pó voltei, do pó renasci. As partículas deste novo corpo que habito são as mesmas, a minha alma, no entanto, mudou. Talvez seja a mesma, organizada de uma maneira diferente. Talvez. Talvez não seja. O que será, serei. O que serei, cereja.

Thursday 28 November 2013

"Have you ever seen a ghost?", asked the wind.

Wednesday 27 November 2013

Ladybug


She was feeling brave that day. She took a deep breath and entered the rusty old gate. It didn't creaked because it was already wide open. Good thing. Her hands were comfortably warm in her pockets, and she didn't want to feel the cold iron. However, soon after passing the gates, the wind wrapped her and cut off her breath for a moment. The butterflies around her didn't noticed. The cemetery was sadly quiet that day.
She started walking. For the first time, she didn't feel stupid or paranoid around graves. She was always very cold inside. Sometimes, she thought her heart was made of ice. All the stones looked so beautiful and sad that she actually felt a bit warm. She was nothing compared to all those sleeping souls.
"Where to start?", she asked. "For the beginning", answered the logical part of her brain. Deep breath again. So many flowers. She would eat them if they let her. They're supposed to be only inside her.
Her feet started walking. Her eyes too. One hour later she had read almost every grave, every name of every dead person. She no longer felt the touch of heat. "Where are you?", she asked. But this time, not even her brain replied.
She probably passed there without noticing. They were simply to many. An old man with tears in his eyes looked at her and tried to smile. He knew she was suffering, like he was once. But he was already familiar with that and learned how to control it. She felt them - the tears coming - so she started walking fast to the old and dark tree. She started pinching her thigh. She always did that to calm herself. Then she sat down and put his head between the knees. The tears arrived, at last.

I can not say how much time passed. I though about the salt of my tears. I thought about you laughing with me in the pool. In our chess games. You. When I raised my head again the sun was shinning and there was no wind. I looked to my side and I saw a ladybug walking on my shoulder. I started crying again, this time with joy. I finally realised why I wasn't able to find you before on the cold stones. You were there with me all the time - red, with only one black spot on the edge. 
I kept waiting for the bedtime stories.
They never came.
And there I was,
crying in the closet
when a hand pulled me back,
covered my eyes
and left me blind in this new world.
"Left or right?"
"Left?"
"Wrong"
"Right?"
"Right. Follow me."

Saturday 23 November 2013

I hide a magic stone in the aquarium
and my fish ate it all.
I had to kill him,
open him
and retrieve my magic stone.
It was such a powerful thing,
my sweet fish,
you would end up dead anyway.


Thursday 21 November 2013






















Uma prenda que comprei para o meu irmão. Voltamos a ter seis anos e os dentes rasgam-me as gengivas  Tenho um arco íris a marcar-me as páginas e vários a saírem-me pela boca. Já dizia o meu professor de desenho - " O sol de inverno faz-te mal "
A escuridão pesava-lhe na alma. Arrastava-se pelas ruas em jeito de redenção, mas nem assim era capaz de aceitar a culpa. Possuíam um tipo violento de intimidade. Ele destruía-a e voltava mais tarde, para recolher os pedaços. Ela não falava, nem reagia. O peso era tanto que chegava a parecer leve. A alma ascendia aos céus, indiferente, libertando o corpo da dor. Não estando nele, não se fazia sentir. Era um corpo vazio, apenas. Não servia para mais do que mantê-la em pé. O frio nos tornozê-los fê-la voltar a si e chorou. Chorou, chorou, chorou...
desfez-se, nuvem.

Wednesday 20 November 2013

Gustav

Saímos de manhã cedo e caminhamos até à praia. Envolvemo-nos nas ondas e fomos livres outra vez. O tempo perdeu-se em nós. Quando saímos, já ele estava roxo, eu violeta. Escorríamos felicidade.
- Se não estivesses tão salgada casava-me contigo.
- Pensei que ainda éramos irmãos.
- Mudei de ideias.
- Não sei. Como é que estás a pensar convencer os convidados a saltar de pára-quedas connosco?
- Tens razão. E o padre... Vamos voltar para Andrómeda.

Monday 18 November 2013



Encontro-me bastante mais perto da degradação total. Olham-me como abutres, sádicos, espiando-me enquanto me afundo no desespero, fazendo contas ao meu prazo de validade. "Não desistas, estou aqui contigo", gritam. "Morre", sussurram - "Morre..."
Quantas respirações são precisas para adormecer? Ele olha-me mas não diz nada. Eu memorizo-o. Vejo-o despir-se e planto-lhe margaridas na pele. Espero que adormeça para depois o acordar. Quero vê-lo enlouquecer para que, na sua loucura, me veja ele a mim.
People say I smile a lot
and I don't like it
I'm crying inside
I'm a storm with skin
I want them to be afraid of me

Sunday 17 November 2013

The moon smells like milk




Self Portrait.




Minto, não chovia. Lá fora. Chovia em mim e em ti. Os pensamentos entrelaçavam-se com os nossos passos. As respirações em sincronia mal se ouviam - apenas se tentássemos muito. Mas ninguém achou importante esforçar-se.

I like the way eyes look when they're crying

Saturday 16 November 2013

A última vela ardia sem cessar, faziam já algumas horas. Permanecia bela, quase capaz de esconder a sua inevitável fraqueza.
O correio daquela manhã esperava pacientemente, na velha mesa de pedra. Tentava desviar o olhar do delicado envelope, e fazia até o que não precisava de ser feito, como se tal pudesse fazê-lo evaporar. O tempo arrastava-se numa ânsia descontrolada - não podia adiá-lo por muito mais tempo. Sentou-se e respirou profundamente, enquanto envolvia a carta nas magras e gastas mãos. Abriu-a e respirou novamente, levando uma das mãos à testa, enquanto se preparava para o que estaria por vir.
Nunca fora dado a mistérios ou indecisões. Interessava-lhe o presente. O que assumia como certo. Fora-lhe prometida uma resposta e, até então, submetera-se a uma longa e fria espera que, por fim, terminara. Atingira o seu objetivo. Mas... e agora? Precisava de objetivos. Mais. Ainda não encerrara este e já sentia que lhe faltava algo. Era uma das razões pela qual gostava de viver no presente - o futuro leva-nos sempre ao fim de algo. Fim de nós próprios. O futuro é um casulo que se esqueceu de abrir - estava encurralado. O desespero começava, lentamente, a apoderar-se de si. O que se iria suceder? Não estava ele já fatalmente condenado?
Ergueu o olhar. Desdobrou o papel. À sua frente, nada. Uma delicada, frágil e indiferente folha em branco.
A última vela ardera durante horas. O calor ainda se fazia sentir. Oh, quão bela era. 
Frio. O Outono é a altura certa. Tudo está cansado e pronto para morrer.


Descalça no chão frio, cansada demais para dormir, e o Alex Turner alto, demasiado alto. A visão converte-se em vapor e escrevo palavras soltas nas superfícies embaciadas, até que tudo que ouço se transforma em silêncio. Chamam-me ao longe. Não vou. Hoje não.
Não é justo quando apareces e me lembras, dolorosamente, do frio da tua pele, a ternura do teu olhar - que bem tentavas esconder com uma ou outra piada -, a maneira como arqueavas a sobrancelha esquerda em jeito de desafio. Tal como eu. E não é justo, quando voltas a partir, e tudo o que deixas são as memórias que, dolorosas, não cessam.

Friday 15 November 2013

Agradava-lhe saber o nome das estrelas. Perceber a forma como estas se organizavam, às escuras, no céu. À sua própria maneira. As mais tímidas escondiam-se na linha do horizonte, as mais brilhantes e fogosas guiavam-na. O Universo é um filme de terror. Quantas daquelas estrelas não estariam já mortas? E, no entanto, ali estava ela, deitada na relva a apreciar os defuntos.
A viagem prolongava-se há três dias. A fogueira, de um vermelho vivo, começava, lentamente, a apagar-se. Ao longe, entre as montanhas, o céu ia ganhando tons púrpura. O último dia chegara. Uma lágrima escorreu-lhe pela face deixando um rasto de mágoa para trás. Não queria olhar. Nunca se iria perdoar por aquilo.
- Liz...
- Não - esforçou-se por não chorar.
- Ouve. Segue-me. Não podes ficar aqui. Eles vão voltar, quando o sol rasgar o horiz...
- Não! Deixa-me - apercebeu-se que falava demasiado alto e baixou o tom, quase para um sussurro. - Esquece-me. - E fechou os olhos.